Ginecologia

VACINA CONTRA HPV: UMA NOVA PERSPECTIVA NA SAÚDE DA MULHER

O HPV ( papiloma vírus humano) é um vírus que infecta o ser humano e que pertence a uma grande família. Até o momento, já foram catalogados mais de 150 tipos diferentes, dentre os mais comuns destacam-se o 16 e 18, de alto risco para o câncer do colo uterino e o 6 e 11, que causam verrugas genitais.    
 
O HPV é considerado a principal doença sexualmente transmissível ( DST ) de etiologia viral. Estima-se que 70% dos homens e mulheres sexualmente ativos entrem em contato com o vírus em algum momento de suas vidas. 

Já há cerca de 30 anos que se sabe do papel da infecção do HPV na origem do câncer do colo uterino. É o câncer ginecológico mais frequente no mundo e em nosso país situa-se em terceiro lugar,  atrás do câncer de mama e intestino.

Sua incidência é cerca de duas vezes maior em países subdesenvolvidos comparado com os mais desenvolvidos. A faixa etária mais acometida está entre 20 e 29 anos e o risco aumenta rapidamente até atingir seu pico entre 45 e 49 anos. 

Sabe-se hoje que para o desenvolvimento do câncer do colo do útero, a condição necessária é a presença de infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV). Aproximadamente todos os casos de câncer de colo do útero são causados por um dos 15 tipos oncogênicos do HPV. Destes, os tipos mais comuns são o HPV 16 e HPV 18.   

FATORES DE RISCO 
Vários são os fatores de risco identificados para o câncer do colo do útero, sendo que alguns dos principais estão associados às baixas condições socioeconômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao tabagismo, à higiene íntima inadequada, baixa ingesta de vitaminas e ao uso prolongado de contraceptivos orais. Estudos recentes  mostram ainda que o vírus do papiloma humano ( HPV ) tem papel importante no desenvolvimento da neoplasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerosas.

COMO O HPV É TRANSMITIDO 
A infecção pelo HPV é transmitida na maioria das vezes através do contato sexual com pessoa infectada, porém existem outras formas de contaminação que não podem ser descartadas,  como uso de  toalhas, roupas íntimas, objetos, sabonetes, vasos sanitários, banheiras, intrumental cirúrgico e outros. 

COMO O HPV PODE SER DIAGNOSTICADO?
O diagnóstico pode ser feito através da história clínica, exame físico e exames complementares.

PAPANICOLAOU – permite reconhecer as alterações que o vírus causa nas células ( não detecta a presenca do vírus).

BIÓPSIA – é utilizada para a observação e caracterização das alterações celulares através da análise microscópica de uma amostra.

COLPOSCOPIA – Permite a pesquisa de condilomas de reduzidas dimensões nas mucosas, que constituem um sinal claro da infecção por HPV.

TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR ( hibridização, PCR, captura hibrida ) - permitem a   detecção de DNA viral em fragmentos de biópsia ou escovado cervical, e possuem elevada especificidade e sensibilidade. Estas técnicas são a única forma de diagnosticar inequivocamente o HPV.

VACINAÇÃO
Em agosto de 2006 foi aprovada pela ANVISA a utilização da Vacina Quadrivalente contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV, para meninas e mulheres de 9 a 26 anos que não tenham a infecção. Esta vacina confere proteção contra os vírus citados acima, os quais são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero ( tipos 16 e 18) e 90% dos casos de verrugas genitais ( tipos 6 e 11 ). 

A vacina deve ser administrada por injeção intramuscular em três doses separadas de 0,5 ml, de acordo com o seguinte esquema: primeira dose – em data a escolher; segunda dose – 2 meses após a primeira dose; terceira dose – 6 meses após a primeira dose. 

Tal vacina tem objetivo apenas profilático e não de tratamento, ou seja, visa impedir que a pessoa que vai iniciar seu relacionamento sexual venha contrair determinados tipos dos vírus. Recentemente, com a implantação da vacina no sistema de saúde pública brasileira, a mesma se torna uma importante ferramenta no controle do câncer do colo uterino.